17/11/2022 às 02h15min - Atualizada em 17/11/2022 às 02h15min

Criança pré-histórica enterrada com pelagem canina é achada na Finlândia

Falecida quando tinha entre 3 e 10 anos de idade, em 6 mil anos a.C., foi encontrada em sepultura com penas de pássaros, pontas de flecha e fragmentos de fibra vegetal

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Representação artística retrata como a criança enterrada em Majoonsuo poderia ter parecido - Foto:Tom Björklund
Sob uma estrada de cascalho em uma floresta no leste da Finlândia, arqueólogos encontraram o túmulo de uma criança enterrada em 6 mil anos a.C., com penas de pássaros e pelagem canina. A descoberta ocorrida na área de Majoonsuo, no município de Outokumpu, faz parte de pesquisa publicada em 27 de setembro no periódico PLOS ONE.

A equipe de escavação experimental da Agência Finlandesa do Patrimônio examinou a sepultura em 2018. O túmulo, considerado em risco de destruição, é de uma intensa cor ocre vermelho e estava com seu topo parcialmente exposto. Sua coloração se dá devido ao solo argiloso rico em ferro, usado não só em enterros, mas em arte rupestre em todo o mundo.

Durante a Idade da Pedra no país, os mortos eram enterrados principalmente em covas no solo. Este provavelmente teria sido o caso da criança, cujo alguns dentes revelaram que tinha entre 3 e 10 anos de idade quando morreu.

Também havia duas pontas de flecha transversais feitas de quartzo e dois outros possíveis objetos de quartzo no enterro. Com base na forma das flechas e na datação do nível da costa marinha da região, estima-se que o túmulo seja do período mesolítico.



A escavação revelou fragmentos microscópicos de 24 penas de aves, de no máximo 1,4 mm. Sete deles eram provenientes de uma ave aquática (Anseriformes), sendo considerados os fragmentos de penas mais antigos já encontrados na Finlândia.

A origem desses resquícios é incerta, porém acredita-se que podem ter vido de roupas feitas a partir desses pássaros ou de uma cama no qual a criança foi deitada.

Além disso, foi identificado um fragmento de pena de falcão (Falconidae), que pode ter sido originalmente parte das penas presas às pontas das flechas ou daquelas usadas para decorar a roupa da criança.

Foram encontrados também 24 fragmentos de pelos de mamíferos, variando de 0,5 a 9,5 mm de comprimento. A maioria deles estava bastante degradada, mas as melhores descobertas foram os três pelos de um canino, possivelmente um predador, no fundo da cova. Esses podem ter origem em calçados feitos de pele de lobo ou de cachorro ou de um cão colocado aos pés da criança.
 

Uma técnica de separação de fibras foi desenvolvida no estudo e já está sendo aplicada em estudos posteriores. Os achados são únicos, pois a matéria orgânica costuma ficar mal preservada no solo ácido da Finlândia.

Um total de 65 sacos de amostras de solo pesando entre 0,6 e 3,4 quilos foram coletados, além de amostragens ao redor da sepultura para fins de comparação. A análise foi feita no laboratório de arqueologia da Universidade de Helsinque, sendo a matéria orgânica separada usando água. Dessa forma, as fibras e pelos expostos foram identificados com auxílio de luz transmitida e microscopia eletrônica.

“O método usado demonstra que vestígios de pelos e penas podem ser encontrados mesmo em túmulos com milhares de anos, inclusive na Finlândia”, afirma Kristiina Mannermaa, da Universidade de Helsinque, coautora do estudo, em comunicado. “Tudo isso nos dá uma visão muito valiosa sobre os hábitos funerários na Idade da Pedra, indicando como as pessoas preparavam a criança para a jornada após a morte”.


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