As mulheres brasileiras fizeram história nas Olimpíadas de Paris 2024. Pela primeira vez, a delegação do Brasil contou com mais atletas femininas do que masculinos: 163 contra 126, representando 56,4% do total. Esse número, além de ser um marco, se refletiu diretamente no desempenho do país, com as atletas conquistando a maioria das vinte medalhas obtidas pelo Brasil.
A paulista de Guarulhos conquistou o segundo ouro do Brasil em Paris, estabelecendo-se como a maior campeã olímpica do país com cinco pódios em sua carreira. - REUTERS/Hannah McKay/Direitos Reservados
As três medalhas de ouro do país foram todas de atletas femininas: Beatriz Souza no judô, Rebeca Andrade na ginástica artística e a dupla Duda e Ana Patrícia no vôlei de praia. Das vinte medalhas conquistadas pela delegação, doze vieram das mulheres. Além disso, a equipe mista do judô, que também subiu ao pódio, contou com uma participação expressiva das atletas femininas.
Comparado aos Jogos de Tóquio 2020, onde as mulheres representaram 43% das conquistas, e ao Rio 2016, com 26%, o avanço é notável. Nas pratas e bronzes, as mulheres também se destacaram, com quatro medalhas de prata e cinco de bronze, superando os homens em ambas as categorias.
Durante a coletiva de imprensa do Comitê Olímpico do Brasil (COB) em Paris, o desempenho das mulheres foi elogiado. Mariana Mello, subchefe da Missão Paris 2024 e gerente de Planejamento e Desempenho Esportivo do COB, destacou a importância do investimento nas atletas:
“Há dois ciclos olímpicos, o COB começou a investir especificamente nas mulheres. Não só atletas, mas também para tentar aumentar o número de treinadoras e gestoras. O que vimos aqui em Paris no esporte reflete o que está acontecendo na sociedade: a mulher cada vez mais se fortalecendo.”
O chefe da missão, Rogério Sampaio, também ressaltou o desempenho feminino:
"Queremos sempre ultrapassar barreiras, quebrar recordes, vencer sempre. Acho que nesses Jogos Olímpicos conseguimos quebrar alguns desses recordes, algumas dessas barreiras, principalmente no que diz respeito ao esporte feminino, o que nos deixa bastante satisfeitos."
Cada medalha feminina conquistada em Paris reforçou ainda mais o impacto histórico dessas Olimpíadas para o Brasil. Rebeca Andrade, por exemplo, se tornou a maior medalhista olímpica do país, com quatro pódios em Paris (um ouro, duas pratas e um bronze), somando seis no total e superando lendas como Robert Scheidt e Torben Grael.
"Para mim é uma honra ser mulher preta e hoje estar onde eu estou: no topo do mundo", disse Rebeca.
A gaúcha Tati Weston-Webb fez história ao conquistar a prata, tornando-se a primeira surfista brasileira a ganhar uma medalha olímpica na modalidade. - William Lucas/COB/Direitos Reservados
Tatiana Weston-Webb, ao conquistar a prata no surfe, alcançou um feito inédito para o Brasil em Olimpíadas e abriu portas para o crescimento do surfe feminino no país.
"Sinto nada mais do que orgulho de representar as meninas, especialmente o surfe no Brasil. Espero que isso inspire várias meninas a surfarem e irem atrás dos seus sonhos", declarou a surfista.
A vitória de Duda e Ana Patrícia no vôlei de praia trouxe de volta o ouro olímpico para as mulheres brasileiras na modalidade após 28 anos.
A sergipana Duda e a mineira Ana Patrícia conquistaram o ouro no vôlei de praia feminino, encerrando um jejum de 28 anos do Brasil no topo do pódio. - REUTERS/Esa Alexander/Direitos Reservados
Com mais oportunidades, os resultados são inevitáveis, como afirmou a boxeadora Bia Ferreira, que conquistou o bronze em Paris, somando à sua prata em Tóquio:
"As mulheres sempre trouxeram bons resultados. Temos grandes atletas de referência feminina, só que tínhamos um número menor. Acredito que era por isso que não tinha mais resultados. Então quanto mais oportunidades vierem e mais mulheres se classificarem, automaticamente vamos trazer resultados."